sexta-feira, 26 de junho de 2009

Da matéria plástica à orgânica

REVISTA CH 260 :: JUNHO DE 2009 :: EM DIA

Da matéria plástica à orgânica
Fungo original das matas brasileiras é capaz de retirar nutrientes de polímeros sintéticos, mostra estudo

Um dos grandes inimigos do ambiente, o plástico vem se mostrando de difícil controle. Até agora, as formas de descartá-lo — incineração, depósito no solo e mesmo a reciclagem (pelo consumo de água e energia) — são poluentes. Uma opção ecológica para dar fim a esse material pode ser a biodegradação.

Um tipo de fungo original das matas brasileiras, o Pleurotus sp, é capaz de retirar nutrientes dos polímeros sintéticos (PET), transformando em matéria orgânica o que era plástico. É o que aponta estudo realizado por Kethlen Rose Inácio da Silva, com orientação de Lucia Regina Durrant, na Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Os melhores resultados foram obtidos pela ação de fungos que cresceram em condições muito semelhantes ao seu hábitat natural, isto é, em materiais sólidos sem contato ou quase nenhum contato com água (fermentação semi-sólida).

“Utilizamos uma metodologia pioneira que possibilitou a identificação das condições mais apropriadas ao estudo pelo teste de diversas variáveis, como temperatura, pH e nutrientes”, explica Silva. O próximo passo da pesquisa é otimizar as variáveis influentes na biodegradação, focando-se na fermentação semi-sólida.

O estudo surgiu da necessidade urgente de conter o impacto do plástico no meio ambiente. Só no município de São Paulo, o plástico é o segundo elemento mais encontrado no lixo, correspondendo a 23% do peso total dos resíduos encaminhados para o aterro sanitário, uma parcela muito significativa considerando que é um material extremamente leve.

Silva ressalta que a melhor forma de remediar a situação é racionar o uso. “A biodegradação dos plásticos é importante no cenário atual, mas ainda é uma ação emergencial, pois não atinge a origem do problema: o uso excessivo do material”, alerta a cientista.


Marcella Huche
Ciência Hoje/RJ

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