quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Insulina: avanços da pesquisa


Insulina: avanços da pesquisa
Publicada em: 03/10/2008

Foto de Vinícius Marinho

Produzida pelo pâncreas, a insulina é a responsável por levar o açúcar contido nos alimentos até as células, que precisam dele para gerar energia ao corpo. Nas pessoas diabéticas, o organismo não desenvolve a insulina ou a produz em quantidade muito pequena. A principal conseqüência disso é o aumento das taxas de açúcar no sangue (hiperglicemia), que causa inúmeras complicações, podendo levar à morte.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a doença atinge cerca de 110 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 5 milhões no Brasil. Esse total inclui os que sofrem de um dos tipos de diabetes: o tipo 1, que atinge geralmente crianças e jovens; e o tipo 2, que aparece normalmente após os 40 anos e corresponde à maioria dos casos.

A produção artificial da insulina só se concretizou em 1922, pelo pesquisador canadense Frederick Banting e seu assistente Charles Best. Isto representou um marco no tratamento da doença. Segundo o endocrinologista Leão Zagury, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, ela foi usada pela primeira vez por um menino americano chamado Leonardo Thompson, que sofria de diabetes do tipo 1, e estava condenado à morte. "Ele foi levado pelo pai ao laboratório, bastante desnutrido, e recebeu a insulina de forma experimental. Após 30 dias, já estava forte, e viveu até os 20 anos, quando morreu de um acidente de moto”, relata o médico, que é também professor do curso de pós-graduação do curso de endocrinologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Durante muito tempo, a insulina foi extraída do pâncreas de boi e de porco, sendo que a de porco era mais parecida com a insulina humana. Esse processo evoluiu para melhorar a qualidade de vida das pessoas com diabetes.

Menor rejeição

Cristiano usa insulina recombinante desde os 11 anos (Foto de Vinícius Marinho) No início da década de 80, os avanços da engenharia genética permitiram o desenvolvimento da insulina humana sintética, produzida a partir de bactérias, especialmente a Escherichia coli. O gene para a insulina humana foi inserido no DNA de bactérias, resultando na chamada insulina de DNA recombinante. Esse método representou mais uma conquista no tratamento do diabetes, principalmente porque a molécula dessa insulina é mais parecida com a produzida pelo organismo, oferecendo um índice de rejeição bem menor que as insulinas de origem animal e a redução dos efeitos colaterais.

Outro progresso obtido nesse campo foi a produção de análogos da insulina. O endocrinologista Leão Zagury destaca a importância da descoberta de que ao alterar a cadeia da seqüência de aminoácidos formadores da insulina é possível modificar o seu tempo de ação. “Dessa forma, a insulina pode atender melhor às necessidades dos diabéticos. Quando houver uma alta aguda de glicose, podemos usar as insulinas de ação rápida, que agem minutos após a aplicação, e quando precisar manter o nível de insulina por mais tempo, é só aplicar as de ação prolongada, que são absorvidas lentamente e de forma estável pelo organismo”, explica o médico.

Novidades a caminho

Cristiano Lino Labrunie descobriu que tinha diabetes aos 11 anos. Desde então o uso da insulina recombinante passou a fazer parte da sua rotina. Hoje, com 17 anos, ele conta que nunca teve nenhum tipo de reação ao medicamento, mesmo usando diariamente dois tipos de insulina: a Humalog (de efeito rápido, antes das refeições) e Lantus (insulina base para o dia), ambas na forma de injeções subcutâneas.

Ele acompanha as pesquisas sobre diabetes pelas notícias publicadas em jornais e revistas e quando vai ao consultório médico. “Minhas expectativas sobre novas descobertas apontam para o uso de células-tronco, que vêm trazendo benefícios para a medicina. Espero que com pesquisas nessa área consigam algum dia descobrir uma cura para quem tem diabetes e outras doenças auto-imunes”, afirma.

Existem pesquisas buscando outras formas de aplicação da insulina, como as vias oral, bucal/sublingual, transdérmica e respiratória. Há um estudo, já em fase conclusiva, de um spray oral, que permite a absorção da insulina pela mucosa bucal.

Segundo Leão Zagury, já vem sendo feito no Brasil um trabalho com células-tronco homólogas: “A pesquisa está em fase experimental. O método consiste em retirar células-tronco da própria pessoa, fazer uma imunossupressão vigorosa e depois reinjetar essas células no organismo. Os resultados parecem promissores, mas ainda não há tempo suficiente para afirmar que realmente serão duradouros e eficientes. .

(Patricia Moreira)
Fiojovem
Para saber mais:

Sociedade Brasileira de Diabetes

Associação Brasileira de Transtornos Alimentares (Astral)

Associação de Diabetes Juvenil

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