domingo, 24 de abril de 2011

Fiocruz cria primeira vacina vegetal contra a febre amarela

A febre amarela, que há muito tempo estava erradicada, volta a assustar. Só no Brasil o número de casos aumentou consideravelmente e a novidade é que o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz), unidade da Fundação que é referência  na produção de vacinas, reativos e biofármacos, deu um importante passo para o desenvolvimento de uma nova vacina contra a febre amarela no Brasil. Acaba de ser assinado um acordo de  cooperação com uma empresa americana para produzir um novo imunizante contra a doença, ainda mais seguro e eficaz, com baixo índice de reações ou eventos adversos nos pacientes.
Alinhado às mais recentes tendências mundiais do setor, o novo imunobiológico será desenvolvido por meio de plataforma vegetal. Biomanguinhos/Fiocruz – reconhecido internacionalmente como fabricante da vacina contra a febre amarela, já exportada para cerca de 70 países – atua em diversas linhas de pesquisa relacionadas à inovação em imunobiológicos. Os esforços recentes na área acadêmica e na indústria têm se concentrado na obtenção de vacinas de subunidade recombinante, com menor incidência de efeitos colaterais.
História da febre amarela
Os flavivírus causam duas doenças importantes: a dengue e a febre amarela. A origem do vírus causador da febre amarela ainda é desconhecida. Acredita-se que a doença tenha vindo da África Ocidental e das Antilhas. Em 1700, a febre amarela já estava na Europa, e foi na Península Ibérica que se deu a primeira epidemia da doença no continente, provocando 10 mil mortes, em 1714. No ano de 1804, 20 mil pessoas foram vítimas da febre amarela em Cartagena.
A primeira epidemia na América do Sul aconteceu em 1648. Já a primeira manifestação da doença no Brasil foi em 1685, em Pernambuco. O Aedes aegypti veio da África nos navios negreiros e trouxe junto a febre amarela. Durante os dois séculos seguintes houve várias epidemias no continente americano e na Europa. Houve uma epidemia muito importante na Filadélfia em 1793 e outra no vale do Mississipi (Estados Unidos) em 1878, ambas com muitas mortes. Várias medidas sanitárias, principalmente em relação ao fornecimento de água, diminuíram a transmissão da doença antes de se saber que era causada por um vírus e que seu transmissor era um mosquito. Somente em 1900 ficou demonstrado o papel do Aedes na transmissão da doença e só em 1928 foi confirmado que a febre amarela era causada por um vírus. Em 1930, Theiler desenvolveu uma vacina com o vírus atenuado. Por essa descoberta, ele recebeu o Prêmio Nobel.
A febre amarela costuma atingir a África subsaariana e a América do Sul, mas via Aedes aegypti pode atingir outras partes do mundo, incluindo Ásia e sul dos Estados Unidos. A transmissão urbana da doença ocorre através do mosquito, que depois de picar uma pessoa contaminada transmite o vírus em suas novas picadas. No século XX houve várias epidemias na África, estimando-se em torno de 1.000.000 de mortes. Nas epidemias, a incidência chega a 30/1000 e a letalidade (proporção de mortes entre os pacientes que apresentam a doença) varia de 20% a 50%.
A diminuição das epidemias nos últimos anos se deve provavelmente a alterações no ciclo do vírus, à imunidade adquirida nas últimas epidemias e às campanhas de vacinação nas áreas mais afetadas. Na América do Sul, a bacia do Orenoco e a Floresta Amazônica são as áreas de maior transmissão. Os mosquitos picam os macacos e a doença segue o fluxo dos animais levando o vírus às populações suscetíveis.
O maior número de casos ocorre entre janeiro e março, entre homens de 15 a 45 anos que são picados por mosquitos infectados enquanto executam atividades na floresta ou perto delas. Nessa época, há um aumento da quantidade do mosquito transmissor e maior atividade agrícola, o que leva ao deslocamento de um número maior de pessoas às áreas com risco de transmissão. A última epidemia urbana de febre amarela no continente americano aconteceu em Trinidad Tobago em 1954, mas a disseminação do Aedes aegypti nas últimas décadas faz com que aumente o risco de futuras epidemias, principalmente nas cidades próximas às florestas tropicais.
Aedes já teve um papel político importante na determinação da principal cidade do Estado de São Paulo. A febre amarela foi introduzida pelo Porto de Santos em 1850, assolando os centros urbanos da baixada litorânea. No verão de 1889 a doença invadiu a cidade de Campinas (a porta da cafeicultura do planalto) e também provocou uma grande epidemia na cidade de Santos.
Admite-se que esta epidemia tenha contribuído para um decréscimo real das populações atingidas. Adolfo Lutz, em suas reminiscências sobre a febre amarela, calculou em três quartos a população que deixou Campinas em direção a outras cidades, fugindo da febre amarela. Esse fato foi fundamental para colocar a cidade de São Paulo como principal cidade do Estado em contraposição à Campinas. Entretanto, o Aedes se adapta bem a ambientes hostis e hoje em dia é bastante comum na cidade de São Paulo.
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