Discutir o papel da sociedade civil, das instituições públicas
municipais, estaduais e federais na prevenção da Aids. Esse será um dos
principais objetivos do II Simpósio Nacional sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
O evento agendado para os dias 12 e 13 de março, no Centro de Cultura e
Eventos da UFSC e na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, terá a
presença, entre outras autoridades, do prêmio Nobel de Fisiologia e
Medicina, coordenador da equipe francesa que identificou o vírus da
Aids, Luc Montagnier.
Segundo relatório do Departamento de DST, Aids e Epatites Virais,
ligado ao Ministério da Saúde, no Brasil os primeiros casos de Aids
foram identificados no início da década de 1980, sendo registrados,
predominantemente, entre gays adultos, usuários de drogas injetáveis e
hemofílicos. “Passados 30 anos, o Brasil tem como característica uma
epidemia estável e concentrada em alguns subgrupos populacionais em
situação de vulnerabilidade”, avalia o documento.
“As avaliações sobre o crescimento da incidência da AIDS destacam que
a situação é estável, mas se é estável continua ruim. Precisamos ver o
que está sendo feito, onde erramos, pois não estamos reduzindo a
incidência em diversos grupos e em alguns a doença está crescendo, como
no caso dos adolescentes homosexuais masculinos”, preocupa-se o
professor do Departamento de Análises Clínicas da UFSC Luiz Alberto
Peregrino Ferreira.
“Se temos campanhas, temos informação, temos distribuição de
preservativos, por que razão os adolescentes não estão adotado métodos
de prevenção?”, questiona Ferreira. Segundo ele, a primeira edição do
simpósio, realizada em 1992, foi um marco no combate da doença no
Brasil. Naquela época, o encontro discutiu temas como características da
doença, tratamentos, o desenvolvimento de vacinas. Agora uma das
principais metas é debater o comprometimento das instituições na busca
de soluções inovadoras para as políticas de prevenção. O II Simpósio
Nacional Sobre Aids é organizado pela Assembleia Legislativa do Estado,
em parceria com Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Aids em jovens
De acordo com o Boletim Epidemiológico Aids e DST 2011, publicado pelo Ministério da Saúde, há uma tendência de aumento na prevalência da infecção pelo HIV nos jovens.
O boletim cita pesquisa realizada junto a alistados no Exército, de
17 a 20 anos. O levantamento revela que a prevalência da doença passou
de 0,09%, em 2002, para 0,12%, em 2007. Além disso, acompanhando a
tendência observada entre os jovens do sexo masculino, a prevalência na
população de jovens homens que transam com homens (17 a 20 anos) também
aumentou, passando no período de 2002 a 2007 de 0,56% para 1,2%,
praticamente o dobro (enquanto nas mulheres da faixa etária de 15 a 24
anos a doença se manteve constante, em torno de 0,24%).
O relatório mostra ainda que entre jovens homossexuais homens de 18 a
24 anos a Aids atingiu 4,3%. “Quando se compara esse grupo com os
jovens em geral, a chance de ter um jovem gay estar infectado pelo HIV é
aproximadamente 13 vezes maior”, ressalta o documento.
Veja a programação em www.eventoaids.ufsc.br/programa.html
Serviço
II Simpósio Nacional sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
Data: 12 e 13 de março
Local: Centro de Eventos da UFSC
Inscrições: Gratuitas, limitadas a 1.300 participantes
Informações: www.eventoaids.ufsc.br
Para a imprensa, mais informações com o professor Luiz Alberto Peregrino, fone (48) 3721-8147 / /
Por Arley Reis / Jornalista na Agecom
Saiba Mais
AIDS em Santa Catarina
- O documento A Epidemia da AIDS em Santa Catarina (1984-2011)
, da Secretaria de Estado da Saúde, registra que desde 1984 foram
notificados no Estado 25.950 casos em adultos, 929 em crianças e 4.756
gestantes HIV positivas.
- Além disso, desde 1994 foram notificados 139.271 casos de algum tipo de doença sexualmente transmissível.
- O relatório mostra que as taxas de incidência e mortalidade no Estado são sempre mais altas em relação às taxas nacionais.
- E detalha que Santa Catarina apresenta taxas de mortalidade superiores
às do Brasil, sendo, provavelmente, devido a diagnóstico tardio,
dificuldades na adesão ao tratamento, esquemas de tratamento
antirretrovirais e profilaxia das infecções oportunistas inadequadas,
além de dificuldades de acesso para acompanhamento médico especializado.
- Florianópolis (com 4.174 casos), Joinville (2.836), Itajaí (2.320),
Blumenau (1.630) e São José (1501) são os cinco municípios catarinense
com o maior número de casos de Aids entre adultos.
- Dezessete cidades catarinenses constam do ranking divulgado pelo
Ministério da Saúde em 2009 em que foram elencados os 100 municípios
brasileiros com as maiores taxas de incidência da doença: Florianópolis,
Joinville, Itajai, Blumenau, São José, Criciuma, Balneário Camboriu,
Palhoça, Palhoça, Tubarão, Jaraguá do Sul, Biguaçu, Rio do Sul,
Araranguá, Içara e Indaial.
- A epidemia vem apresentando mudanças no perfil epidemiológico. A
tendência é caracterizada pela heterossexualização, feminização,
interiorização e pauperização.
Aids no Brasil
- De acordo com o último Boletim Epidemiológico (ano base 2010), o Brasil tem 608.230 casos registrados de Aids (condição em que a doença se manifestou).
- Em 2010, foram notificados 34.218 casos da doença e a taxa de
incidência de Aids no Brasil foi de 17,9 casos por 100 mil habitantes.
- A razão de sexo vem diminuindo ao longo dos anos. Em 1985, para cada
26 casos entre homens, havia um caso entre mulher. Em 2010, essa relação
é de 1,7 homens para cada caso em mulheres.
- A taxa de prevalência da infecção pelo HIV na população de 15 a 49
anos mantém-se estável em 0,6% desde 2004, sendo 0,4% entre as mulheres e
0,8% entre os homens.
- O Boletim Epidemiológico demonstra que, considerando a série
histórica, há um aumento de casos em gays de 15 a 24 anos nas Regiões
Sudeste, Sul e Centro-Oeste. As Regiões Norte e Nordeste não apresentam
diferenças significativas nessa população.
- Quanto à forma de transmissão entre os maiores de 13 anos de idade,
prevalece a sexual. Nas mulheres, 83,1% dos casos registrados em 2010
decorreram de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV.
Entre os homens, 42,4% dos casos se deram por relações heterossexuais,
22% por relações homossexuais e 7,7% por bissexuais. O restante ocorreu
por transmissão sanguínea e vertical.
- Em relação à taxa de mortalidade, o boletim sinaliza queda. Em 12
anos, a taxa de incidência baixou de 7,6 para 6,3 a cada 100 mil
pessoas. A queda foi de 17%.
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