terça-feira, 26 de maio de 2009

Vida do Aedes aegypti



Quais os hábitos de vida do Aedes aegypti?
O A. aegypti é um mosquito doméstico, vive dentro ou ao redor de domicílios ou de outras construções freqüentadas por pessoas, como estabelecimentos comerciais e escolas. Está sempre perto do homem e não se aventura às matas, por exemplo. Tem hábitos preferencialmente diurnos e alimenta-se de sangue humano, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. Mas, como é oportunista, pode picar à noite.

Que fatores influenciam a infestação pelo vetor da dengue?
O A. aegypti é um mosquito antropofílico, isto é, ele vive perto do homem. Por isso, sua presença é mais comum em áreas urbanas e a infestação é mais intensa em regiões com alta densidade populacional e, principalmente, de ocupação desordenada, onde as fêmeas têm mais oportunidades para alimentação e dispõem de mais locais para desovar. A infestação por A. aegypti é sempre mais intensa no verão, em função da elevação da temperatura e da intensificação de chuvas – fatores que propiciam a reprodução do mosquito. Para evitar esta situação, é preciso adotar medidas permanentes para o controle do vetor, durante todo o ano, a partir de ações preventivas de eliminação de focos do A. aegypti. Como o mosquito tem hábitos domésticos, essa ação depende sobretudo do empenho da população.

Quais os principais criadouros do A. aegypti?
Pesquisas realizadas em campo indicam que os grandes reservatórios, como caixas d’água, galões e tonéis, são os criadouros que mais produzem A. aegypti e, portanto, os mais perigosos. Isso não significa que a população possa descuidar da atenção a pequenos reservatórios, como vasos de plantas, que comprovadamente atuam como criadouros. O alerta é para que os cuidados com os reservatórios de maior porte sejam redobrados, pois é neles que o mosquito seguramente encontra condições para se desenvolver de ovo a adulto. Em alguns bairros suburbanos do Estado do Rio de Janeiro, estes grandes criadouros produzem quase 70% do total de mosquitos adultos.

Como o mosquito se reproduz?
O acasalamento do A. ageypti se dá dentro ou ao redor das habitações, geralmente no início da vida adulta, nos primeiros dias depois que o mosquito emerge da água do criadouro. A desova acontece em criadouros com água limpa e parada, onde os ovos depositados são aderidos às paredes do recipiente, bem próximo à superfície da água, porém não diretamente sobre o líquido. Daí a importância de lavar, com escova ou palha de aço, as paredes dos recipientes que não podem ser eliminados, onde o ovo pode permanecer grudado.

Quantos ovos uma fêmea do A. aegypti pode pôr?
Uma fêmea pode dar origem a 1.500 mosquitos durante a sua vida. Os ovos são distribuídos por diversos criadouros – estratégia que garante a dispersão e preservação da espécie. Se a fêmea estiver infectada pelo vírus da dengue quando realizar a postura de ovos, há a possibilidade de as larvas já nascerem com o vírus – a chamada transmissão vertical.

Quanto tempo um ovo leva para se transformar em um mosquito adulto capaz de picar o homem para sugar sangue?

O ovo, que é escuro e mede aproximadamente 1 mm de comprimento, é depositado pela fêmea do A. aegypti nas paredes internas dos criadouros, próximos à superfície d’água. Em condições favoráveis de umidade e temperatura, o desenvolvimento do embrião é concluído em 48 horas. Um ovo pode resistir até um ano sem eclodir, por isso é muito importante lavar, com escova e palha de aço, as paredes dos recipientes que não podem ser eliminados, onde o ovo pode permanecer grudado.

Do ovo à forma adulta, o ciclo de vida do A. aegypti varia de acordo com condições climáticas, a disponibilidade de alimentos e a quantidade de larvas existentes no mesmo criadouro, uma vez que a competição de larvas por alimento em um mesmo criadouro com pouca água consiste em um obstáculo ao amadurecimento do inseto para a fase adulta. Nas condições típicas do Rio de Janeiro, esse processo geralmente leva um período de oito a doze dias.

Somente a fêmea pica o homem para sugar sangue, alimento necessário à produção de ovos. Geralmente, a hematofagia é mais voraz a partir do segundo ou terceiro dia depois que a fêmea emerge da água do criadouro. Machos se alimentam de substâncias açucaradas, como néctar e seiva.

Por quanto tempo os ovos do A. aegypti podem resistir, sem eclodir?
O período de maturação dos ovos varia segundo diversos fatores, como o clima: é concluído mais rapidamente em locais quentes e úmidos. Do desenvolvimento embrionário à eclosão, os ovos podem resistir a longos períodos de dessecação – até 450 dias, em média. Esta resistência é uma grande vantagem para o mosquito, pois permite que os ovos sobrevivam por muitos meses em ambientes secos, até que chuvas ou o próximo verão propiciem as condições favoráveis à eclosão. A resistência permite também que os ovos sejam transportados a grandes distâncias, em recipientes secos, tornando-se assim o principal meio de dispersão do inseto – dinâmica conhecida como dispersão passiva. Esse aspecto importante do ciclo de vida do mosquito demonstra a necessidade do combate continuado aos criadouros, em todas as estações do ano.

O Rio de Janeiro é mais vulnerável à dengue que outras cidades?
O A. aegypti prefere locais com altos índices de temperatura e umidade – fatores que além de acelerar o ciclo de vida do mosquito garantem a sobrevivência dos ovos fora d’água. O Rio de Janeiro apresenta frequentemente índices de 70% a 80% de umidade relativa do ar e temperaturas superiores a 25ºC. Além disso, é uma cidade densamente povoada e muito urbanizada – característica relevante para um mosquito doméstico como o A. aegypti, que tem o hábito de viver perto do homem. Por isso, o clima do Rio de Janeiro é, sim, favorável à sua proliferação. Também por isso a infestação pelo vetor é sempre mais intensa no verão. Para evitar esta situação é preciso adotar medidas permanentes para o controle do mosquito, durante todo o ano, a partir de ações preventivas que objetivem a eliminação de focos do vetor.

Há relação entre infestação de dengue e áreas desmatadas?
Os maiores índices de infestação pelo A. aegypti são registrados em bairros com alta densidade populacional e baixa cobertura vegetal, onde o mosquito encontra alvos para alimentação mais facilmente. Outro fator importante é a falta de infra-estrutura de algumas localidades. Sem fornecimento regular de água, os moradores precisam armazenar o suprimento em grandes recipientes, que na maioria das vezes não recebem os cuidados necessários e, por não serem completamente vedados, acabam tornando-se focos do mosquito. Os esforços para o controle da proliferação do mosquito da dengue certamente estão relacionados a medidas do governo, mas o comprometimento da população em eliminar criadouros domésticos é fundamental.

Instituto Oswaldo Cruz


2 comentários:

  1. O Mundo Macro e Micro do Mosquito Aedes aegypti é um documentário feito pelo Laboratório de Produção e Tratamento da Imagem do Instituto Oswaldo Cruz, dirigido e idealizado por Genilton Vieira, e foi premiado em Cuba, no Festival de Cinema e Vídeo Científico, ficando em segundo lugar. Esse belo documentário também foi premiado no Festival de Cinema de Medicina, Saúde e Telemedicina, realizado na Espanha. No Laboratório do IEE tem uma cópia em DVD.

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  2. Achei muito interessante. A maneira como o mosquito se reproduz tem muitas etapas, porém muito diferente.

    ASS: Nathália Blanke
    Turma: 612

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