
Essa queda de braço vem na sequência de um relatório do Greenpeace, divulgado em agosto de 2009, sobre "o massacre da Amazônia" que mostrava as relações entre a expansão devastadora da pecuária e a destruição da floresta. A organização ambientalista acusava empresas do sul do Brasil que produzem carne e couro proveniente de 150 mil hectares desmatados ilegalmente. Esses produtos, uma vez "esquentados", são revendidos a empresas que abastecem grandes marcas mundiais de calçados, alimentos ou carros. Na Amazônia, segundo o Greenpeace, os pecuaristas queimam um hectare de floresta primária a cada 18 segundos. E o Brasil é o quarto maior emissor de gases causadores de efeito estufa do mundo.
É sobre essas "frentes pioneiras", territórios em transição entre a floresta ocupada por seus povos de sempre e as paisagens agrícolas exploradas predominantemente por pecuaristas, que se passa a tragédia do desmatamento amazônico. Nos anos 1960 e 1970, no apogeu da ditadura militar, o Estado exaltava o povoamento e a valorização da Amazônia. Um slogan da época, com um toque ameaçador, proclamava: "Ocupem a terra, senão a perderão". Milhões de brasileiros migrariam para a "nova fronteira". Foram incitados a cortar e a queimar a floresta que, acreditava-se, valia nada ou muito pouco.
Ao lado da tradicional "Amazônia dos rios" se desenvolveu a "Amazônia das estradas", e depois a dos novos espaços rurais e urbanos em torno de pequenas cidades surgidas do nada. O Incra, instituto encarregado da reforma agrária, se tornou o principal desmatador. Nessa época pré-ecológica, os colonos eram celebrados por sua contribuição valorosa para a construção nacional.
Apesar dessa mudança de direção, há poucas chances de que as coisas mudem. A pecuária continua sendo atraente para os pequenos agricultores. "É o modo de vida mais bem adaptado às precariedades das frentes pioneiras", explica René Poccard-Chapuis, coordenador em Belém do Cirad (Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica). "Em um território imenso, as dificuldades de circulação, a falta de infraestrutura e as difíceis condições de trabalho desencorajaram ou marginalizaram as culturas perenes."
O pasto é um excelente meio de marcar a propriedade fundiária, chave do enriquecimento e da especulação. A pecuária extensiva exige pouco esforço e um pequeno investimento. Até os mais pobres podem se aventurar, alugando um rebanho e dividindo as receitas dele. O gado permite tornar seu capital mais seguro e tirar dele dinheiro líquido a qualquer momento, graças à organização eficaz da indústria.
A luta contra o desmatamento pressupõe que sejam seguidas as políticas de controle iniciadas: vigilância por satélite, regularização fundiária, instalação de um cadastro, generalização da rastreabilidade dos produtos. Acima de tudo, a longo prazo será preciso proibir aos madeireiros e aos pecuaristas, que trabalham em conjunto, que tenham acesso às florestas ameaçadas.
A imensa maioria dos pequenos agricultores, enquanto esperam que lhes seja proposta uma forma mais sustentável de desenvolvimento, continuarão a encontrar segurança na pecuária. Sobre as cinzas da floresta.
Ao lado da tradicional "Amazônia dos rios" se desenvolveu a "Amazônia das estradas", e depois a dos novos espaços rurais e urbanos em torno de pequenas cidades surgidas do nada. O Incra, instituto encarregado da reforma agrária, se tornou o principal desmatador. Nessa época pré-ecológica, os colonos eram celebrados por sua contribuição valorosa para a construção nacional.
Apesar dessa mudança de direção, há poucas chances de que as coisas mudem. A pecuária continua sendo atraente para os pequenos agricultores. "É o modo de vida mais bem adaptado às precariedades das frentes pioneiras", explica René Poccard-Chapuis, coordenador em Belém do Cirad (Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica). "Em um território imenso, as dificuldades de circulação, a falta de infraestrutura e as difíceis condições de trabalho desencorajaram ou marginalizaram as culturas perenes."
O pasto é um excelente meio de marcar a propriedade fundiária, chave do enriquecimento e da especulação. A pecuária extensiva exige pouco esforço e um pequeno investimento. Até os mais pobres podem se aventurar, alugando um rebanho e dividindo as receitas dele. O gado permite tornar seu capital mais seguro e tirar dele dinheiro líquido a qualquer momento, graças à organização eficaz da indústria.
A luta contra o desmatamento pressupõe que sejam seguidas as políticas de controle iniciadas: vigilância por satélite, regularização fundiária, instalação de um cadastro, generalização da rastreabilidade dos produtos. Acima de tudo, a longo prazo será preciso proibir aos madeireiros e aos pecuaristas, que trabalham em conjunto, que tenham acesso às florestas ameaçadas.
A imensa maioria dos pequenos agricultores, enquanto esperam que lhes seja proposta uma forma mais sustentável de desenvolvimento, continuarão a encontrar segurança na pecuária. Sobre as cinzas da floresta.
Hoje, pelo meio ambiente, tudo mudou. Os antigos colonos, ou seus filhos, são vilipendiados. Eles não aceitam bem o fato de serem criticados por continuar a fazer aquilo que sempre fizeram para a satisfação outrora geral: conduzir rebanhos de gado zebu sobre as ruínas da floresta.
No meio tempo, o Brasil se tornou o principal exportador de carne do mundo, com 30% do mercado. Ele possui o maior rebanho do globo, com 200 milhões de cabeças, sendo que 30 milhões estão na Amazônia. Segundo o pesquisador Paulo Baretto, do instituto Imazon, os números do desmatamento seguem, com um ano de atraso, as variações de cotação da carne na Bolsa de Chicago.
08/10/2009

O agronegócio manda nesse pais, principalmente na imprensa. É dificil uma notícia dessas na TV aberta. Eles só sabem atacar o MST.
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