quinta-feira, 3 de março de 2011

Temidas bactérias

Elas estão em toda parte e já habitam a Terra desde muito antes dos seres humanos. É estranho pensar no assunto, mas podemos encontrar milhares de bactérias dentro e fora do nosso corpo. A convivência não é sempre prejudicial, muito pelo contrário: em alguns casos elas ajudam no bom funcionamento do intestino e na defesa contra certas doenças, através da estimulação do sistema imunológico.
Muitos antibióticos são produzidos pelas próprias bactérias ou por fungos. Uma das grandes descobertas da ciência, protagonizada por Alexander Fleming, foi a penicilina. A substância que já salvou milhares de vidas é produzida pelo fungo Penicillium chrysogenum!
Algumas bactérias são nocivas à saúde e causam infecções. Hábito comum entre os brasileiros, a automedicação pode trazer problemas sérios para a saúde. Uma das consequências do uso de remédios por conta própria ou sem seguir o tratamento indicado pelo médico é o aparecimento de bactérias resistentes aos medicamentos. Isto provoca a falta de resposta ao tratamento, com a persistência da infecção. Quanto mais antibiótico tomamos, maior a possibilidade de surgirem bactérias cada vez mais resistentes, como por exemplo, a Klebsiella pneumoniae carbanemase (KPC).
Pensando nisso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aumentou a fiscalização sobre a venda de antibióticos nas farmácias. Instituiu medidas como obrigatoriedade e retenção da receita médica e multas altíssimas, caso as farmácias desrespeitem a legislação. Nos hospitais foram feitas campanhas para a constante desinfectação das mãos e dos instrumentos usados nos pacientes.
Risco nos hospitais
As bactérias tendem a encontrar maneiras de sobreviver quando estão sendo tratadas com antibióticos. Elas podem sofrer uma mutação genética ou receber plasmídeos, que são pedaços de DNA com genes de resistência produtores de substâncias responsáveis por eliminar ou impedir a ação dos antibióticos.
“Nos hospitais, a bactéria resistente tem alta gravidade, principalmente para pacientes com a imunidade comprometida. Como nesses locais são usados diversos antibióticos, isto propicia o surgimento de bactérias resistentes até para os medicamentos mais complexos. E se elas ficam multirresistentes aos antibióticos de última geração, como, por exemplo, os carbapenemas, fica muito difícil de tratar. São as superbactérias”, explica a bióloga Marise Dutra, chefe do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar da Fundação Oswaldo Cruz / Fiocruz.
Quando isso acontece, os médicos prescrevem combinações de diferentes antibióticos. Caso não haja a resposta esperada, eles apelam para grupos de medicamentos que não costumam ser recomendados e só são usados em último caso, por serem tóxicos para as células, podendo causar danos nos rins, fígado e até ao aparelho auditivo.
“Todo hospital tem um programa de controle de infecção. Uma das formas é o gerenciamento do uso de antibióticos, ou seja, fazer uma alternância de antibiótico, para poder controlar os níveis de resistência”, diz a pesquisadora.
Medidas preventivas
A melhor forma de lidar com as bactérias resistentes é a prevenção. O ambiente hospitalar precisa ser extremamente limpo, além de seco e frio, para não favorecer a proliferação de micro-organismos. O diagnóstico de pacientes infectados por bactérias resistentes deve ser rápido e o isolamento imediato.
Para Marise Dutra, os resultados das medidas adotadas pela Anvisa só serão percebidos a longo prazo. “A farmácia não está vendendo o medicamento, mas se existe alguma repercussão na geração das bactérias resistentes ou na geração das bactérias não-resistentes, ainda é preciso tempo para avaliar”, conclui.
(Rovena Rosa)

Fiojovem

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