sexta-feira, 6 de maio de 2011

Paramos a motosserra. Até quando?

O adiamento da votação sobre o Código Florestal em Brasília foi uma vitória. Mas parcial. Os ruralistas voltam à carga semana que vem. Precisamos seguir alertas

Não foi dessa vez. Mesmo após um forte lobby ruralista, o projeto que derruba o Código Florestal acabou não sendo votado nesta quarta-feira, 4 de maio, como era esperado. Boa parte desta vitória em favor de nossas florestas deve-se às pessoas que atenderam ao nosso apelo e foram para as redes sociais, protestando contra a aprovação de um projeto de lei que abandona a nossa tradição legal de proteção da natureza e premia o desmatamento.

A todos que participaram dessa empreitada, o nosso mais profundo obrigado, que segue acompanhado de um alerta: semana que vem tem mais. Os ruralistas prometem de novo ligar suas motossserras na terça-feira para votar o projeto de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que desfigura completamente o Código Florestal. Portanto, é fundamental não baixar a guarda e continuar ecoando o recado para o Congresso calar a motosserra.

Assista ao vídeo do protesto do Greenpeace em Brasília:



Nos últimos dias, a Câmara dos Deputados virou tema de um assunto só: Código Florestal. A semana começou com o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) divulgando um novo texto. Com jeito de conciliador, ele avisou que o documento trazia, enfim, demandas de todos os lados: dos cientistas, dos pequenos produtores, do governo e do agronegócio. Mas as horas seguintes ao anúncio mostraram que a conciliação era só discurso: a proposta continuou agradando mais aos ruralistas e premiando a devastação do meio ambiente. As brechas para o desmatamento permaneciam ali, camufladas nas entrelinhas.

As críticas continuaram chegando de todos os lados. Mas Aldo as ignorou solenemente. No fim da noite de terça-feira, dia 3 de maio, após uma consulta aos parlamentares da Casa, a proposta ganhou o carimbo de urgente. Ou seja, passaria na frente de outros projetos para ser votada às pressas, como se fosse um simples pedaço de papel que não tivesse qualquer efeito no mundo real. Na quarta, finalmente, o governo entrou em campo, fazendo ver a Aldo e aos ruralistas que, do jeito que estava, seu projeto não tinha futuro.

Foi uma aparição tardia da presidente Dilma nesta discussão, feita através da intervenção de seu fiel escudeiro, Antonio Palocci, Chefe da Casa Civil. Foi como se só de repente, o governo tivesse se dado conta que na questão do Código Florestal, o que está em jogo é o país que queremos ser. O Brasil deve apenas se preocupar com um modelo de desenvolvimento atrasado, de curto prazo, que aposta na devastação, ou virar uma nação diferente, que concilia a prosperidade econômica do seu povo com a preservação ambiental?

O projeto de Aldo, com o explícito patrocínio dos ruralistas, aposta no país do atraso e ameaça conquistas importantes, como a redução do desmatamento na Amazônia na última década e os compromissos do Brasil de redução das emissões de gases que provocam o aquecimento global. O governo dormiu no problema. Mas o barulho que fizemos esta semana serviu para acordá-lo. Agora, é manter a pressão para que ele continue se mexendo a fim de impedir que a bancada ruralista consiga finalmente realizar seu sonho de transformar o Brasil numa nação sem árvores. E sem futuro.

http://www.greenpeace.org

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