quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mãe que agrediu professora no Instituto de Educação em Florianópolis se diz arrependida


Atitude teria sido provocada porque filha chegou em casa com arranhões no rosto e no pescoço


A mãe que agrediu uma professora no Instituto Estadual de Educação (IEE), em Florianópolis, na última quinta-feira, se diz arrependida por ter perdido o controle.

Em entrevista ao jornal Hora de Santa Catarina, a mãe contou sua versão sobre a confusão que chegou a deixar cinco mil alunos sem aula na sexta-feira.

Segundo a mãe, a filha chegou da escola com arranhões no rosto e no pescoço, e para ela, a professora teria sido a responsável pelos machucados na criança de oito anos.

Intimadas a depor

Um boletim de ocorrência foi registrado pela professora, que também fez exame de corpo de delito para comprovar a gravidade do caso.

A mãe também realizou o mesmo procedimento. Segundo o delegado da 1ª Delegacia de Polícia da Capital, responsável pelo processo, assim que os laudos dos exames chegarem à delegacia, que deve ser ainda nesta semana, a vítima e a agressora serão intimadas a depor.

Devido a gravidade da situação, os depoimentos devem ser colhidos o mais rápido possível, no máximo na próxima semana, afirma o delegado.

Afastadas da escola

A coordenadora do IEE, Ângela Zavarize, informou que criança foi "convidada a se retirar da escola", com o objetivo de protegê-la de agressões de colegas e dos pais de outros alunos. Ela garantiu que não se falou em expulsão e, por um tempo, a escola achou melhor afastá-la.

Tentando se recuperar, a professora contou na noite de terça-feira, que continua com a versão de que a briga teria começado depois que ela resolveu sortear chicletes e uma tatuagem entre os estudantes e a menina, sentiu-se contrariada por não ter sido sorteada.

— Eu quero esquecer isso e volto para a escola em 15 dias. A menina ficou nervosa e até chutou uma cadeira. Não sei se fui eu, tentando separá-la de outros alunos, ou uma das crianças, quem arranhou o pescoço dela — afirma a professora.

Entrevista

Quando a mãe contou ao jornal Hora de Santa Catarina sobre os tapas que deu no rosto da professora, ela afirmou que perdeu o controle e não faria novamente, mas continua acreditando que a educadora foi responsável pelos machucados.

A partir desta quarta-feira, a menina, que permaneceu quieta e com olhar tímido durante a entrevista, começa a estudar em outra escola. A mãe disse que não queria que a filha pagasse pelo erro, e sentiu obrigada em retirá-la do IEE. Acompanhe trechos da entrevista.

Hora de Santa Catarina — O que aconteceu entre o meio-dia e o início da tarde de quinta-feira?

Mãe — Minha filha de 17 anos chegou em casa com a mais nova, que chorava sem parar e estava machucada. Elas contaram que a professora tinha batido na menina por causa de uma touca. Eu perguntei para ela se tinha feito algo de errado e ela negou. Fui com ela até a escola para conversar com a direção e saber o que tinha acontecido. Quando cheguei, dois colegas dela disseram que ela tinha apanhado da professora.

Hora — Você tinha intenção de bater?

Mãe — Não, nunca bati em ninguém. Minha filha já teve problemas com outras crianças por causa do excesso de peso. Os coleguinhas diziam que ela não tem coração por ser gorda e ela empurrava. Quando isso acontecia, a escola me chamava. Nesse dia a professora quis abafar o caso e não chamar a direção. Ela errou em agredir minha filha. Quando cheguei perto, virei leoa e parti para cima.

Hora — Quando parou de bater?

Mãe — Eu segurei a boca dela e dei tapas. Ela caiu e não dei chute porque acabei de fazer uma cirurgia. Eu disse para ela nunca mais fazer isso com filho de ninguém. Parei quando os outros professores me pegaram. Ficamos duas horas dentro da escola, porque a direção queria abafar o fato, mas não aceitei. Fui para a delegacia e no B.O. disse que minha filha tinha sido agredida e que eu também agredi a professora. Depois fomos fazer exame de corpo de delito.

Hora — Você se arrepende? Faria novamente?

Mãe — Eu sei que perdi a razão quando bati nela, não faria novamente. Me arrependo por ter perdido o controle, mas sei que minha filha não mente e a professora está errada. Eu acredito nisso e não vou deixar de dizer isso para quem quiser ouvir. Acredito que essa professora não tem preparo para lidar com as crianças.

Hora — E o que vai acontecer agora?

Mãe — A família quer esquecer tudo isso. Minha filha está muito triste e eu também. Ela está sofrendo com a mudança de escola, de amigos. Eu me senti ofendida quando me disseram que iriam expulsá-la. Ela não é uma marginal, um monstro. Eu errei, mas a professora também errou. Vão afastar ela? Porque minha filha tem que passar por tudo isso?

Alessandra Toniazzo | alessandra.toniazzo@horasc.com.br

DC

5 comentários:

  1. Essa história mais parece uma tragédia aonde a menina gordinha sofre na escola nas mãos dos colegas, e a professora que sorteia chicletes e tatuagens para que os alunos fiquem quietos. E por fim a mãe, que acha que nesse país a única justiça é aquela feita pelas próprias mãos.É uma história triste para todos, assim como é o sistema de educacional, e deste tipo de escola.

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  2. Que escola é essa, em que qualquer um chega tão fácil ao professor?

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  3. Nada justifica tanta violência!! A profa. foi espancada no seu local de trabalho e ainda é acusada pela imprensa!! Muito triste!!

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  4. Por que a imprensa não faz uma reportagem sobre as salas de aula super lotadas do Instituto. Milagre que a maioria dos alunos chega em casa sem arranhões, o pobre do professor é o único que se preocupa com o filho dessa gente. Enquanto isso na Secretaria de Educação tem tanta gente, que daqui alguns dias vão ter que trabalhar em turnos, por falta de cadeiras.

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  5. Com certeza agora vão transformar essa escola numa prisão. Democracia para eles só conta nas eleições quando saem vencedores e loteiam todos os cargos.
    Que tal chamar pais e professores para discutir os problemas.

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